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A Ana participou num "Workshop Destralhar a Casa" que apresentei no Porto. Tinha visto a minha entrevista no Porto Canal e sentiu que tinha chegado o "tal momento". Desde o workshop tenho recebido o feedback da Ana sobre os progressos do destralhar a casa. Esta semana recebi um feedback diferente, a mudança interior da Ana. Um post que a Ana escreveu sobre destralhar o tempo. Deixo aqui um extrato do texto:
"É
preciso “destralhar” o tempo. Sim, exatamente, “destralhar” o tempo. E
isto pode ser feito de diversas formas, desde o simples pormenor de
trocar o sítio dos pratos para os colocar junto da máquina de lavar
loiça, para que arrumar a loiça demore menos tempo, até à organização
geral e pormenorizada da casa, para não perder tempo à procura… de uma
caneta. Arrumar o exterior para alcançarmos o interior. É necessário
fazermos uma apreciação detalhada daquilo que realmente precisamos. Será
que precisamos de dois cortadores de pizza, de 6 pares de calças
pretas, dos naperons que nem sequer usamos, mas que foi a Avó que deu?
Dito
assim, parece confuso. O que tem a ver uma casa organizada com o tempo?
Tudo. Aliás, creio que é até uma excelente metáfora para a organização
da nossa mente. Recentemente aprendi que “destralhar” uma casa é,
sobretudo, um processo emocional. Não é a qualquer altura que
simplesmente decidimos desfazer-nos dos “monos”, porque encerram em si
memórias e emoções, boas e más. Cada objeto contém uma memória, uma
época. Por isso é que organizar uma casa é um processo tão complicado e
tão emocional; é necessário avaliar se cada objeto é necessário ou se
nos faz feliz. São essas as duas regras básicas para “destralhar” uma
casa – e só a partir daí é que se pode decidir se vai para o lixo ou se
fica.
Paralelamente,
não é a qualquer altura que conseguimos aliviar a nossa mente das
mágoas do passado, das saudades de momentos e de pessoas, da ansiedade
do que ainda não aconteceu, dos medos e dos apegos – os tais apegos que,
segundo os budistas, não nos deixam seguir o verdadeiro caminho da
felicidade. E todas estas emoções também nos consomem tempo. Tempo que
poderíamos capitalizar para nós.
Seria
fácil descartarmos as nossas emoções, mágoas e angústias, mas
infelizmente não trazemos um interrutor na nuca para o colocarmos em off
sempre que a tristeza teima em aparecer e as mágoas teimam em
queimar-nos o peito. Mas se conseguirmos chegar àquele ponto em que o
nosso exterior e o nosso interior estão com as prateleiras devidamente
arrumadas e etiquetadas, com tudo no sítio certo, onde com apenas o
olhar encontramos o que procuramos, porque as tralhas foram à vida,
perderemos então menos tempo, quer nas tarefas domésticas, quer a dar
vida nos monstros azuis que nos povoam o pensamento e nos devoram a
alma. "
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